quinta-feira, setembro 16

Conclui meu treinamento!

Na última quarta-feira conclui meu treinamento no hospital. Foram 10 encontros que, em cada dia, tiveram sua importância no meu crescimento como contadora.

O primeiro passo foi escolher duas opções, dentre a lista dos hospitais disponíveis para o treinamento.  Quem me conhece sabe o quanto eu fugi, na época da graduação em Fonoaudiologia, de fazer estágio em hospital. Não gostava daquele ambiente pois, para mim, é frio e distante nas relações interpessoais.

Por que escolhi o Hospital Cotoxó você deve ter se perguntado, não é?  Quando eu abri o e-mail com a lista dos hospitais, busquei dias e horários mais flexíveis para mim. Pensei na tarde porque não estaria no “rush” do trânsito na ida e volta para casa. Uni também um local de fácil acesso para mim. Visto que ando de ônibus também. 

Recebi da organização do Viva e-mail confirmando dia, horário e hospital para treinamento. Pedindo ainda que eu esperasse o contato de minha tutora Susana. Lembro perfeitamente do primeiro contato, por telefone, onde combinamos o início de minhas visitas. Jeitinho meigo de falar, firme, mas com muita paciência. Assim, fui eu, começar meu treinamento.

E a surpresa ao entrar no hospital pela primeira vez? Sabe aquele lugar que não tem cara de hospital? Deparei com um lindo jardim na entrada. Área aberta com muito verde, árvores, plantas. Já me senti acolhida.

Fazendo “tour” pela área em comum, percebi que hospital tem playground, brinquedoteca, bancos e mais bancos para contemplar o momento ou apenas desopilar um pouco dos quartos. Tem ainda área infantil e de adultas bem divididas. E ainda algumas grutas para oração. Eu pensei comigo: que bom que fiquei aqui. 

A cada dia, chegando à ala pediátrica, era um novo dia de contação de história. Um novo momento de entrar e ali, conseguir reunir minha sede de aprender com o desejo das crianças de escutarem histórias.

A cada pergunta: “quer ouvir histórias hoje?” ouvi muitos sim, e apenas um não. Uma única criança, com toda sua simplicidade, me falou que não queria. Agradeci demais a Deus a oportunidade e aprendi que o NÃO também é encorajador.

Ela pode dizer NÃO ao médico? Não! Ela pode dizer NÃO à enfermeira que chega com medicação? Não! Ela pode dizer NÃO à mãe que quer que ela almoce tudo? Não! Ela pode dizer não a contadora de história? Lógico que pode! Quem sabe, aquele "não" que ganhei foi o único que aquela menina pode falar em não sei quantos dias? É um dos únicos momentos que pode dizer não e ser atendida. Já pensou nisso?

Vivenciei momentos mágicos de encantamento, alegria e muita satisfação. Entrei num quarto que tinha três meninas com 10, 8 e 5 anos. Cada uma na sua cama. Ao perguntar quem queria histórias, somente duas animaram-se. Saíram de suas camas, sentaram nos banquinhos em formação de círculo e começamos as histórias. De repente, a que estava na cama deitada (de 8 anos) já estava sentada e de olhos esticados para a contação (ela não podia sair da cama pois estava tomando soro). Pensei numa forma de juntar o grupo. E ao começar uma nova história, pensei no livro campeão de bilheteria. Sabe qual é, não é? Peguei-o na bolsa e falei: Querem ouvir “Até as princesas soltam pum?” TODAS quiseram. Perguntei as meninas se podíamos chegar mais perto da menina que estava no soro. Assim, ela poderia ouvir e ver o livro também. 

Como eu fiz “intensivo” para concluir meu treinamento, eu voltei no hospital no outro dia. E o mais impactante para mim foi que esta mesma menina que a principio não quis, quando me viu falou:  -“Tia, hoje tem histórias novamente?” Maravilhoso, não?

No Cotoxó temos a opção de juntar as crianças que podem se locomover na sala, e de lá ficar com todas ao mesmo tempo. Ou ainda, entrar nos quartos um por vez. Tudo depende de como e quantas crianças são naquele dia.

Outro momento ímpar é ter ajuda das crianças para juntar o grupo. Tem um menino de 8 anos que é uma gracinha. Quando ele nos viu chegar, nos abraçou e saiu falando em quarto em quarto: “Elas chegaram! As contadoras chegaram! Vamos ouvir histórias!”

E quando um menino de 5 anos me fez um pedido todo especial? Ele precisava ir ao banheiro mas não queria ir porque estava ouvindo histórias. Ele não agüentando mais me pediu : “Tia, dá uma pausa na história?”  Um pedido assim quem teria coragem de negar? Eu não!

Nestes dez dias de treinamento ouvi histórias, contei histórias, joguei jogo do Eu conto. (Para criar histórias, igual à oficina Lendo e Contando Histórias), fiquei feliz, pensativa. Agradeci a Deus pela oportunidade para fazer meu melhor. De presenciar a beleza da inocência de cada criança. De ver a surpresa de um menino de 5 anos, ao perceber seu dente de leite caindo.  De ver alegria da criança em receber uma visita tão esperada, seja do pai, da mãe, do tio ou mesmo das contadoras. De saber que mesmo ali doentes, se tratando, elas não tem dimensão do seu problema e levam a vida numa leveza incomparável. Deveríamos aprender com elas. 

Agora uma pergunta que me tocou o coração: Eu escolhi o Hospital ou Ele me escolheu?

Até a próxima
Elaine Cunha

2 comentários:

  1. Feliz pela ESCOLHA do ALTO em sua vida.

    Beijos de Parabéns !!

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  2. Lênia,
    beijos agradecidos pelo seu carinho.
    Que chegue logo a formatura!
    Laine

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Elaine Cunha