quarta-feira, maio 11

Fábula, você conhece?

Você sabe o que é uma fábula? Vamos conversar um pouco sobre o tema tão vasto?

Que tal começar pela definição? A palavra Fábula deriva do verbo fabulare (em latim) - "conversar, narrar" ; significa "história, jogo, narrativa, conta, conto",  literalmente "o que é dito".

As fábulas são uma das mais antigas maneiras de se contar uma história.Teve seu início na oralidade, igual aos contos de fadas. Sua estrutura narrativa é identificada facilmente.  São pequenas histórias que ilustram algum vício ou virtude que transmitem um ensinamento, uma lição de moral. São interessantes paras crianças porque ensinam sem que elas percebam que estão sendo ensinadas. Assim fica mais fácil, não fica?

A grande maioria das fábulas são geralmente com animais ou criaturas imaginárias que representam traços de caráter dos seres humanos (seja negativo ou positivo).

Muitos escritores dedicaram-se às fábulas, mas três ficaram mundialmente famosos: o grego Esopo (século VI a.C.), o latino Fedro (15 a.C. - 50 d.C.) e o francês Jean de La Fontaine (1621 - 1695).

Esopo
Você sabia que é atribuído ao Esopo a paternidade da fábula como gênero literário?  Através das histórias ele criticava os valores da sociedade de sua  época, para mostrar o que é certo e o que é errado.  Nos seus textos narrativos, os seus animais falavam, cometiam erros, erão sábios ou tolos, maus ou bons, exatamente como os homens.  O objetivo de Esopo, nas suas fábulas, era mostrar como os seres humanos podiam agir, para o bem ou para o mal. Acredito que assim ele podia falar sobre o que quisesse sem ter censura. Imagina se tivesse na época da ditadura?

Sabe-se também que ele nunca escreveu as suas narrativas, apenas contava ao povo que as apreciava e as recontavam. Suas fábulas foram escritas no papel somente após sua morte. Acredita-se que somente 200 anos depois pelo Fedro.
Fedro

Coube ao Fedro enriquecer muitas fábulas de Esopo. Suas histórias mostram, através da sátira, sua revolta contra as injustiças e o crime. Para ele, “A fábula tem dupla finalidade: entreter e aconselhar.”  Em sua obra prima, Fábulas, ele mostra a vaidade e estupidez das pessoas, atribuindo tais características aos animais. A principal característica do seu modo de escrever eram as rimas, o que facilitava a memorização das histórias.

La Fontaine

La Fontaine é considerado o pai da fábula moderna. Ele seguiu o estilo do Esopo, ensinando através dos animais. Além de reescrever algumas fábulas de Esopo e Fredo, ele escreveu as suas próprias fábulas.

Em 1688 suas primeiras fábulas foram publicada com nome de “Fábulas Escolhidas”. O livro era uma coletânea de 124 fábulas divididas em seis partes. Eu mesma peguei  o volume um lá na Biblioteca Hans. Livro realmente é maravilhoso! Sobre a natureza da fábula ele declarou: “É uma pintura em que podemos encontrar nosso próprio retrato”.

Você deve agora está se perguntando: E no Brasil, como foi?

Com seu projeto de criar uma literatura voltada para as crianças, Monteiro Lobato interessou-se pelas fábulas. Ele escreveu o livro (Fábulas) que reconta algumas fábulas antigas de Esopo, Fedro e La Fontaine, e apresenta outras de sua autoria em formato de prosa. Lobato as reescreve, comenta e até as critica!

Eu fico pensando se existe alguém que não conhece uma fábula. Pode até existir, mas tenho certeza que alguns ensinamentos delas, sabemos. Ah, disso tenho certeza. Quer ver só? Frases como: “Quem ama o feio bonito lhe parece”“Quem desdenha quer comprar”, são alguns exemplos de provérbios originários de fábulas.  ou

Deixo aqui para você três fábulas que eu particulamente gosto muito. Uma de cada fabulista.



A raposa e as uvas por Fedro

Morta de fome, uma raposa foi até um vinhedo sabendo que ia encontrar muita uva. A safra tinha sido excelente. Ao ver a parreira carregada de cachos enormes, a raposa lambeu os beiços. Só que sua alegria durou pouco: por mais que tentasse, não conseguia alcançar as uvas. Por fim, cansada de tantos esforços inúteis, resolveu ir embora, dizendo:
- Por mim, quem quiser essas uvas pode levar. Estão verdes, estão azedas, não me servem. Se alguém me desse essas uvas eu não comeria.

Moral: Desprezar o que não se consegue conquistar é fácil. 

A lebre e a tartaruga por Esopo

A lebre vivia a se gabar de que era o mais veloz de todos os animais. Até o dia em que encontrou a tartaruga.
– Eu tenho certeza de que, se apostarmos uma corrida, serei a vencedora – desafiou a tartaruga.
A lebre caiu na gargalhada.
– Uma corrida? Eu e você? Essa é boa!
– Por acaso você está com medo de perder? – perguntou a tartaruga.
– É mais fácil um leão cacarejar do que eu perder uma corrida para você – respondeu a lebre.
No dia seguinte a raposa foi escolhida para ser a juíza da prova. Bastou dar o sinal da largada para a lebre disparar na frente a toda velocidade. A tartaruga não se abalou e continuou na disputa. A lebre estava tão certa da vitória que resolveu tirar uma soneca.
"Se aquela molenga passar na minha frente, é só correr um pouco que eu a ultrapasso" – pensou.
A lebre dormiu tanto que não percebeu quando a tartaruga, em sua marcha vagarosa e constante, passou. Quando acordou, continuou a correr com ares de vencedora. Mas, para sua surpresa, a tartaruga, que não descansara um só minuto, cruzou a linha de chegada em primeiro lugar.
Desse dia em diante, a lebre tornou-se o alvo das chacotas da floresta.
Quando dizia que era o animal mais veloz, todos lembravam-na de uma certa tartaruga...

Moral: Quem segue devagar e com constância sempre chega na frente.


A cigarra e a Formiga por La Fontaine
Tendo a cigarra, em cantigas,
Folgado todo o verão,
Achou-se em penúria extrema,
Na tormentosa estação.
Não lhe restando migalha
Que trincasse, a tagarela
Foi valer-se da formiga,
Que morava perto dela.
– Amiga – diz a cigarra
– Prometo, à fé de animal,
Pagar-vos, antes de Agosto,
Os juros e o principal.
A formiga nunca empresta,
Nunca dá; por isso, junta.
– No verão, em que lidavas?
– À pedinte, ela pergunta.
Responde a outra: – Eu cantava
Noite e dia, a toda a hora.
– Oh! Bravo! – torna a formiga
– Cantavas? Pois dança agora!

E aí, qual moral desta fábula para você?


Se eu te pedir para me contar uma fábula, qual você escolherá?

Até a próxima!
Elaine Cunha




Imagens: google.com

8 comentários:

  1. Fabuloso texto, amiga!

    Sobre a cigarra e a formiga: importante viver o hoje sem esquecer o dia de amanhã. Tem muita cigarra nesse mundo...fecho com a formiguinha! #muito sábia!

    Minha indicação: A Menina do Leite é uma fábula bonitinha... lembra que não se deve contar com uma coisa antes de consegui-la. (é algo que faço)

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  2. Aline, confesso que esta fábula eu não a conhecia! Fui buscar e achei!

    E não é do Esopo? Maravilhosa fábula! Lindo ensinamento. Gostei

    Beijos, Elaine

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  3. A MENINA DO LEITE (Indicação da Aline)

    A menina era só alegria.
    Era a primeira vez que iria à cidade, vender o leite de sua querida vaquinha.
    Colocou sua melhor roupa, um belo vestido azul,e partiu pela estrada com a lata de leite na cabeça.
    Ao caminhar, o leite chacoalhava dentro da lata.
    A menina também, não conseguia parar de pensar.
    "Vou vender o leite e comprar ovos, uma dúzia."
    "Depois, choco os ovos e ganho uma dúzia de pintinhos."
    "Quando os pintinhos crescerem, terei bonitos galos e galinhas."
    "Vendo os galos e crio as galinhas, que são ótimas para botar ovos."
    "Choco os ovos e terei mais galos e galinhas."
    "Vendo tudo e compro uma cabrita e algumas porcas."
    "Se cada porca me der três leitõezinhos, vendo dois, fico com um e ..."
    A menina estava tão distraída em seus pensamentos, que tropeçou numa pedra, perdeu o equilíbrio e levou um tombo.
    Lá se foi o leite branquinho pelo chão.
    E os ovos, os pintinhos, os galos, as galinhas, os cabritos, as porcas e os leitõezinhos pelos ares.

    Moral da história:
    Não se deve contar com uma coisa antes de conseguí-la.

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  4. Muito lindo este post.
    Fábulas é uma forma bem bacana de as crianças e nós adultos aprendermos lições. Fica mais fácil o entendimento.
    A da cigarra e a formiga acredito que seja a mais conhecida.
    Gostei muito da fábula que a Aline indicou.
    Lembra aquele dito popular que diz que não se deve contar com o ovo no fiofó da galinha (rsrs)
    Minha memória é meio ruim para lembrar piada, quanto mais histórias! (é um horror, snif)
    Ah, para nós adultos as parábolas são outro modo de aprendermos muita coisa.
    As parábolas de Jesus são um belo exemplo.

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  5. Albinha,

    Eu ri demais com o fiofó da galinha! Fazia muito tempo que não ouvia! Que delícia!

    É, esta parábola que Aline falou eu gostei muito dela. Não conhecia e gsotei muito. Por isso, é tão gostoso este "conversê" por aqui.

    Hoje no curso, o professor, mais uma vez, retomou Jesus como um grande contador de histórias. E lembrei do livro que tenho que é "Jesus, o Maior Psicólogo que Já Existiu" do Mark Baker. Você conhece? Vale a leitura!

    Que bom que temos como aprender novas lições a cada dia! Isso nos faz crescer! Sempre!

    Beijos

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  6. Amiga eu não li este livro não.
    Depois me empresta.
    Eu tenho um livro que se chama: Parábolas Evangélicas (à luz do Espiritismo)do autor Rodolfo Calligaris que é muito bom.
    É um jeito muito elucidativo de entender as parábolas de Jesus.

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  7. Albinha,

    Vou pedir pra minha flor trazer porque ela estava lendo. :) Depois me empresta também este que você falou. ;)
    Beijos

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Abraços!
Elaine Cunha