Semana passada, eu recebi email da associação Viva e Deixe Viver divulgando novas oficinas para os voluntários. Fiquei super interessada com o tema: "Histórias da Dona Morte". Tema, no mínimo, curioso, não é?
Este foi o segundo momento que tive no Viva (carinhosamente eu chamo a associação assim!) de conversar sobre o tema "morte". O primeiro foi durante o processo seletivo onde em que uma das palestras que participei, uma foi "O Processo de Morrer e a Morte". É engraçado como o tema Morte é ainda tabu para muitas pessoas. É falar sobre o tema, tem uma importância ímpar para nós, contadores de histórias voluntários, que lidamos com a morte de tão perto.
Confesso que não achei que palestra seria tão didática como foi no processo seletivo exatamente pelo estrutura proposta pela oficina.
"O medo da morte, fenômeno natural, para a grande maioria sempre despertou muito mistério tanto na religião, como na ciência. Diversas são as opiniões e é neste módulo que resgataremos a história de um grande sujeito, que soube transmitir amor, amizade e muita alegria."
Veja o vídeo que recebi como "esquente" da oficina.
Coitadinha da Girafa. Quando finalmente aceitou sua morte...ficou no fundo do poço, literalmente.
Para minha alegria e confirmação de minhas expectativas, a oficina ocorreu como imaginei. Resgatei, lá do meu coração, pessoas queridas que já não estão aqui comigo neste plano. Compartilhei momentos únicos vividos, histórias divertidas e até de traquinagem mesmo. Criança apronta cada uma e lógico que não fui diferente!
Depois de tantas histórias relembradas, que tal criar uma única história? Assim, nasceu o poema "Aqui Jaz". De recordações, de momentos.. cheio de emoção. Produção em conjunta das contadoras de histórias Dora Estevez, Sueli Trindade e Fernanda Kunis (que gravou minha leitura) que apresento a você.
Sueli, Dora, Fernanda e Eu |
Ilustração do poema |
Aqui Jaz
Cheiro de Infância
Colo sem igual
Toque essencial
Lembranças sem final
Comidas especiais
Regadas com carinho
Calor de fogão
Com calor do coração
Partidas doloridas
Nem sempre compreendidas
De pessoas tão queridas
Ah, quantas saudades
Mas basta fechar os olhos
Para o encontro realizar
São pessoas eternas e não esquecidas
Que em nossas vidas vamos levar
Mulheres guerreiras, presentes
Cúmplices e amigas
Mães, avós e tias
Mulheres de nossas famílias
Carmens, Olívias
Lourdes e Sandras
Crizaldas e Vitas
Mulheres...
Ah, mulheres
Que em nossas histórias
Vão sempre estar
No final da oficina, percebi que todos nós temos nossas perdas, nossas dores, pessoas que farão parte de nós para sempre. Cada pessoa lidará com este momento de forma diferente.
Eis aqui minha fonte de inspiração: minha avó querida, Crizalda! Partiu há alguns anos, mas comigo está todos os dias em meu coração. Saudade é demais. Mas o tempo me ensinou a ter "saudade gostosa". Porque sei que um dia, vamos nos reencontrar!
Meu papel como contadora em hospital ficou ainda mais firme. Lembro uma frase da Monique Estuque (Terapeuta Ocupacinal) falou no treinamento inicial e guardei no meu coração!
"Nós não podemos dar vida para a pessoa,
mas damos vida aos dias de vida que restam"
E você, não que fazer uma homenagem a quem você ama e já não está aqui contigo? Será uma honra ler sua história!
Até a próxima!
Elaine Cunha
Laine,
ResponderExcluirAdorei o poema. Lindo!!
Uma forma de homenagear nossos entes queridos que a "Dona Morte" separou de nós(sua avó, minha mãe - CRIZALDA, mas que permanecerá sempre em nossos corações como lembranças e saudades dos bons tempos vividos.
Beijos saudosos.
Elaine,
ResponderExcluirLogo que recebi seu email vim visitar o blog. O texto ficou incrível, as fotos lindas e nosso poema, maravilhoso. Realmente o encontro foi mais do que só estar ali ouvindo, foi encontrar pessoas com sentimentos tão bonitos e com experiências tão enriquecedoras e profundas. Agradeço de coração por ter vivido isto comigo, assim como agradeço as outras meninas, Dora e Sueli.
Um beijo,
Fernanda
Amiga que post lindo!
ResponderExcluirAdorei os vídeos e o poema.
Este tema morte "bate" em cada pessoa de um jeito singular, acredito.
Não é um assunto fácil de lidar, mas ignorá-lo é pior.
No meu caso, tenho uma crença religiosa que me consola bastante, mas obviamente que não sou impassível à ausência dos entes que partiram para a pátria espiritual, pois as saudades da presença física é algo que não é tão fácil de lidar.
A oração é um bom remédio.
Sentir saudades dos que partiram, mas aquela saudade boa, sem desespero é alentador.
A pessoa mais próxima de mim que morreu (fisicamente) foi meu pai, há 17 anos.
Fernanda, muito obrigada pela sua visita ao blog.
ResponderExcluirTenho certeza que os próximos módulos que teremos serão também tão gratificador como foi este primeiro. Espero muito (re)encontrar você por lá!
Beijos, Elaine
Alba,
ResponderExcluireu estava tão nervosa... Derrubei o papel não sei quantas vezes de minha mão. Eu estava muito emocionada. Estava vendo as meninas todas de mão dadas... Aquele momento foi muito doce e profundo de emoção!
Não é facil falar sobre a morte mesmo. Mas o mais difícil é fazer de conta que não será uma realidade. Até porque é o única certeza que temos: morrer.
Obrigada pelo companhia constante por aqui!
Bjos