Se eu te contar o que eu sempre tenho na minha bolsa você teria alguma dúvida do que é? Acho que não seria nenhuma surpresa. Pois é. Independente de onde irei, se estou sozinha ou com alguém, se é saidinha para passear ou mesmo consulta médica. Lá estará meu companheiro favorito: meu livro. Eu ando para cima e para baixo com um livro a tira colo. Na bolsa, no carro, na bolsa do filho... No momento que tiver oportunidade de ler, fico "perdidinha" na leitura.
Esta semana, o livro da vez é o "Contando Histórias, Formando Leitores" da Ruth Rocha e Ana Maria Machado pela Edtora Papirus. Comprei-o na feira do livro no ano passado. Putz, percebeu quanto tempo já faz? Lá estou eu, sentadinha numa sala de espera. Plinc. Tirei-o da bolsa e comecei. Capa, contracapa, orelhas, glossário, sumário... Será que tem alguém que gosta de passear tanto pelo livro para imaginar as possibilidades antes mesmo de começar a leitura além de mim? Depois de tanta viagem pela minha imaginação, que tal começar a leitura propriamente dita do livro?
É um livro numa estrutura divertida. Eu gostei! As autoras conversam entre si e os diversas tema vão se desdobrando. Este bate-papo é tão leve, tão gostoso que você continua a ler sem ser cansativo. E as pérolas que você encontra no meio dos diálogos realmente são as famosas cerejinhas do bolo!
"-Eita, será que eu trouxe meu lápis aqui na bolsa?"-pensei. O que me chamou atenção? Duas pérolas seguidas. Vem comigo!
As escritoras contando como começaram a trabalhar juntas em um projeto para revista Recreio e a Ana Maria Machado lembra da emoção de contar história para a filha da Ruth Rocha. Mesmo quando a sobrinha estando com medo da história, coração mais acelerado, ela não parava de dizer: "Continua, tia. Ai que medo bom!" (pag 11). E depois, a Ruth Rocha relembra uma citação da Tatiana Belinky que dizia "que história boa é a que nos faz rir ou faz chorar" (pag11) E ainda continua ao dizer que "o que ela quer dizer é que história boa é aquela que emociona". (pag11)
Nossa, como eu acredito nestas citações! Eu lembro que desde que comecei neste mundo encantado das histórias, cada história que leio, ouço e mesmo estudo... algo fica impregnado em mim. Não tenho como não me recordar das histórias que ganhei de presente em minha vida. Não tenho como não me recordar da minha primeira história narrada lá na biblioteca, do carinho do mestre Giba Pedroza em me guiar...
Quando eu contei ao mundo que estava à espera do meu filhote, eu usei uma história. (Veja aqui post). Reescrevi uma parte dela. É uma história boa! Ela me emociona. E no chá de bebê, minha querida e amiga Dora Estevez contou esta história completinha para mim, para o marido, para o filho e para os amigos presentes. Recordo-me de sua voz doce e sua extrema sensibilidade na narrativa. Nem preciso dizer o quanto esta história é forte para mim!!! Lembrei-me de tudo isto ao ler dois pequenos parágrafos do livro citado. São ou não são pérolas que ela compartilham conosco e nos permitem viajar em nossas recordações?
Segui minha leitura, deparei-me com mais uma grandiosidade. A Ana Maria fala que sempre gostou de ler e o entusiasmo pela leitura das crônicas. Que ela colecionava, digitava, mimiografava... Gente, senti o cheiro do estêncil molhado no álcool para os trabalhos de escola! Mais uma vez, viajei nas minhas lembranças. Sabe onde eu estava? Na casa da minha avó materna que também era professora. Ah que saudade dela.
Viajando nos pensamentos, nas lembranças, eu tinha até esquecido o que estava ali a fazer quando de repente ouvi:
"Oi, Você é a Elaine Cunha?"
Sorri. Fechei meu livro, guardei-o na bolsa, as recordações no coração, voltei ao mundo real. E segui. A vida continua!
Até a próxima!
Elaine Cunha